23 de outubro de 2010

SONHO QUE SE SONHA JUNTO É REALIDADE



Santo Agostinho (que, para mim não é referência moral) disse certa vez que "povo é um conjunto de pessoas racionais unidas por um mesmo sonho."

Desunido, o povo trava a batalha do individualismo que tanto reduz o progresso, pois não se sabe qual o caminho a ser trilhado. Julgamo-nos, cada um em relação ao outro, superiores, mas não enxergamos o exemplo das abelhas e das silenciosas formigas.

Egos inflados pela sanha cega de consumo (você é especial, você merece, viva o agora, etc.) e lá se vai a sinergia necessária ao aperfeiçoamento humano.

Essa dissolução do vínculo social é muito interessante para quem governa (formal ou informalmente), pois nossas minúsculas individualidades soltas não exercem a pressão política necessária para o exercício legítimo do poder outorgado aos mandatários.

Chico Buarque na  música "A Banda", toca no assunto do "sonho comum" quando diz que o homem sério conta dinheiro, o faroleiro conta vantagem, a narmorada conta as estrelas, o velho fraco reclama do cansaço....mas todos largam suas pequenas vidas quando passa a Banda falando coisas de amor.

Daí a necessidade de um fator de união social, muitas vezes representado por uma personalidade, por um movimento ou por uma ideologia, desde que sadia em relação aos ideais humanísticos mais elevados.

Falta-nos um verdadeiro sonho, algo mais do que comprar um carro, depois uma moto, depois um apartamento de frente para o mar, depois...

Sinto falta disso nessa pós-modernidade alienada pelo consumo burro e inconsequente.

Raul viveu antes do tempo dele, que ainda não chegou. Vivemos na idade do individualismo burro, do sonho que se sonha só.

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