9 de março de 2011

FILME: OS BIOMECANOIDES

Na noite passada lembrei-me de um filme sobre uma grande massa de biomecanoides errantes. Era um filme de ficção que no enredo trazia a história de biomecanoides que funcionavam para cumprir uma busca desesperada por metais para satisfazer suas necessidades básicas e aquelas multiplicadas pela mídia que invadia suas unidades habitacionais. Não havia limitação moral significativa. Para ganhar os metais, valia a máxima do “custe o que custar”.

A posição da massa biomecanoide perante a sua existência era quase catatônica, inconsciente. Opiniões relevantes, inovadoras e originais eram raras. Quando surgiam propostas de mudança de conduta, estas eram prontamente combatidas pelos defensores do sistema operacional vigente, pois a padronização devia ser mantida.

O biomecanoide divergente era então banido, excluído do grupo local. A massa biomecanoide era induzida a dar risadas de sarcasmo como forma de ridicularizar o biomecanoide que ousasse pensar diferente, o que causava receio de novas manifestações.

Os interesses legítimos em relação às questões da vida no planeta, do bem-estar da coletividade biomecanoide iam até o limite do ganho dos metais, afinal essa era a prioridade máxima. Assim eles foram programados.

A programação dos biomecanoides recebia continuamente atualizações para limitá-los cegamente à preocupação com os seus próprios umbigos ou, quando muito, com os umbigos de suas crias.

O sistema operacional dizia ao biomecanoide os sons que ele devia achar belos e elogiar para os demais, os filmes que ele deveria assistir, quais etiquetas de fontes produtoras de acessórios ele deveria exibir para ser bem visto, a forma de exibir a quantidade de metais acumulados, o local em que ele deveria instalar sua unidade habitacional, enfim, uma programação que causava agradável sensação de liberdade e satisfação.

Esse mesmo sistema também determinava ao biomecanoide, que ele não precisaria se importar com os demais que não fossem do seu estreito grupo de convívio, sendo desnecessário agir para ajudar algum “estranho”. Não era antiético ou imoral, virar as costas, fechar a porta da unidade habitacional ou mesmo fugir de algum outro biomecanoide com problemas, pois a responsabilidade era do sistema.

Só que o sistema operacional de dessensibilização, alienação e lobotomização da massa biomecanoide gerou um grave problema, pois acabou por transformá-la numa gigantesca e incontrolável peste inconsciente, com alto poder destrutivo do ambiente e de difícil reprogramação.

Mas não vou contar o final do filme, afinal, não sou um estraga prazeres.

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