Nos primórdios da humanidade havia o Teocentrismo, ou seja, o sagrado ou divino estava no centro do universo e das relações humanas. Tanto é assim que os governos dos Estados eram inspirados ou mantidos por entes supremos, basta relembrar as figuras dos faraós em relação ao deus Rá, de Hamurabi em relação a Shamash ou mesmo do Papa e sua relação com o governo do Império Romano.
Com o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna (transição feudal-capitalista), o homem alçou-se à categoria de Centro do Universo e o Teocentrismo deu lugar ao Antropocentrismo, ou seja, em vez do sagrado, o homem passou a ser o centro das atenções, tendo daí advindo a preocupação com a sistematização dos Direitos Humanos, o reconhecimento de garantidas individuais, de um Direito Natural (já rascunhado na Grécia Antiga) e da limitação dos poderes do Estado.
No Século XXI, Era que tem sido chamada de Pós-Moderna, tenho (agora falo em primeira pessoa do singular) a nítida impressão de que não se vive mais o Antropocentrismo, pois o homem deixou de ser o centro do universo, dando lugar aos bens e às relações de consumo.
Essa impressão pessoal, que acredito não ser só minha, vem de notícias como a do Australiano Brett Howell, que passou 10 horas e 46 minutos parado em frente a uma loja de eletrônicos em Sydney, sob um frio de 11º C, para ser o primeiro ser humano do planeta a comprar o novo IPhone 3G, lançado no último dia 11 de julho em 22 países.
A forma de impositiva da relação de consumo, ditada pelas grandes marcas transformou o homem (sujeito) em objeto da relação (sujeitado). Isso mesmo, de sujeito a sujeitado. Os homens tem sido sujeitados graças a sua baixa evolução pessoal, a participar de relações de consumo ditadas pelas grandes marcas que, mais do que qualidade e conforto, vendem um sonho, uma aparência, uma espécie de “avatar” (para quem tem afinidade com a terminologia virtual).
Os seres humanos estão cada vez mais condicionados, obtusos e autômatos. Deixaram de ser livres-pensadores, aliás, o consumo é tão imposto que nem é percebido, afinal, “Fusion, é o nome do carro pra quem fez por merecer!” Não é?
Não sou contra as marcas, a qualidade e o conforto, o problema é a “idiotização” do consumidor, que entende viver um estilo de vida ao usar determinadas marcas, como o cidadão que usa tatuagem da marca Harley Davidson ou da menina que tatua Hello Kitty no corpo e ainda diz “amo muito tudo isso!”.
Daí porque a necessidade de cunhar um neologismo que designe essa nova relação do homem com o universo e seus semelhantes, agora não mais como sujeito, mas como sujeitado. Foi-se o Teocentrismo e o Antropocentrismo, o que se vive agora?
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