"Os que censuram aos homens sempre se preocuparem com as coisas futuras e nos ensinam a gozar os bens presentes, e com eles nos contentarmos, observando que não mandamos no que está por vir, menos ainda do que no passado, referem-se ao mais corriqueiro dos erros humanos, se é que se pode chamar erro a essa tendência que, embora a ela sejamos impelidos pela própria natureza no afã da continuidade de sua obra, falseia a nossa imaginação, mais exigente de ação do que de ciência, ainda que ignoremos aonde nos leva. Nunca estamos em nós; estamos sempre além. O temor, o desejo, a esperança, jogam-nos sempre para o futuro, sonegando-nos o sentimento e o exame do que é, para distrair-nos com o que será, embora então já não sejamos mais."
(Michel de Eyquem, o Marquês de Montaigne - Volume I dos seus "Ensaios" - Escrito por volta de 1574).
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