2 de setembro de 2011

MUDANÇA É DIFERENTE DE EVOLUÇÃO























Dizem que a versatilidade é requisito essencial para o homem moderno, no sentido de que ele precisa acompanhar as rápidas transformações sociais, profissionais e culturais para não perder-se no passado. De fato, as mudanças são rápidas e a novidade deste mês, poderá estar superada no próximo.

Todavia, nem toda mudança importa em progresso, evolução ou refinamento. No campo da música, por exemplo, penso que caminhamos a passos largos, porém, em marcha ré.

Ligo o rádio, vejo os mais vendidos na vitrine da loja e acompanho as premiações financiadas pelas gravadoras e redes de televisão. Seria cômico ver o Restart ganhando prêmio de melhor banda nacional se não fosse muito, mas muito trágico.

Salvo raras exceções, no dia-a-dia, o que toca nas rádios da região de Jaraguá do Sul é muito “Sertanejo Universitário”, nome dado a um suposto gênero musical em que prevalecem rimas fáceis, trocadilhos de sacanagem e letras metidas a engraçadinhas.

Nossa MPB é mais valorizada fora do País do que em solo pátrio. Os grandes ícones da Bossa Nova são amplamente conhecidos nos EUA e na Europa, porém, aqui, muitos nem mesmo sabem ou ouviram falar de Bebel Gilberto, por exemplo.

Hoje a música nacional vive, principalmente, de glórias de um passado de trinta ou quarenta anos. O americano repete “Brasil, Pelé, Tom Jobim”, os latinos são fãs do Roberto Carlos, a Europa conhece bem a obra de Ivan Lins e por aí vai.

E o Rock nacional? Tão forte e original na década de 1980 com Legião Urbana, Titãs, Paralamas do Sucesso, Barão Vermelho e outros? O que restou além das regravações, reinterpretações e relançamentos?

Será culpa de nossa educação deficiente, da falta de leitura, da cultura alienada e descompassada com a realidade ou das regras ditadas pelas grandes gravadoras? Penso que se trata de um somatório de fatores.

Grande parte do povo infelizmente precisa hoje do Funk Proibidão, do Axé e do “Sertanejo Universitário”, ritmos bastante primitivos e simplórios, para conseguir sentir a musicalidade.

Por essas e outras é que sustento que nem toda a mudança é para melhor, nem toda transformação constitui evolução. O Brasil tradicionalmente produzia música de qualidade para o mundo todo, com milhares de nomes de primeira e segunda grandezas, mas hoje? O que produzimos para nós mesmos e para o planeta?

Nossos grandes nomes morreram ou estão em adiantado processo de envelhecimento. Enquanto isso, pouquíssimos novos talentos têm sido acolhidos pela grande mídia (a maioria dos talentos canta sem que ninguém os ouça). Torço para que a contínua transformação seja brevemente impulsionada por ventos de evolução, pois em terra de Parangolé, quem faz música é rei.

Nenhum comentário: