5 de abril de 2011

DOMESTICAÇÃO (SAMANTHA BUGLIONE)

DomesticaçãoA revolução agrícola neolítica foi a transição, ainda que parcial, de sociedades de caçadores-coletores para as primeiras práticas de agricultura. Os principais centros de origem da agricultura surgiram entre 10 mil anos e 4 mil anos antes da nossa era.

A efetiva razão desse acontecimento ainda é fato controverso. Alguns autores afirmam que as sociedades coletoras não conheciam a escassez e até obtinham alimento em menos tempo que agricultores. O método de derrubada-queimada, contudo, parece ter conduzido a uma regressão dos cultivos, pela infertilidade do solo e até a desertificação.

Com a agricultura, sobreveio a domesticação, considerada um processo de transformação biológica quase automática, decorrente do cultivo e da criação de animais. Se no que diz respeito a plantas a ideia é de que houve melhoramentos, em relação aos animais, desde o início, aparecem como degradados. São comuns nos achados arqueológicos e até hoje anomalias patológicas, redução de tamanho, problemas de dentição, fraturas e vulnerabilidade. A domesticação favoreceu a seleção de animais pouco sensíveis, pouco vigorosos, não muito nervosos e de menor porte.

Hoje, aos que não se consegue ou não é interessante a domesticação, é reservado um espaço chamado zoológico, onde os animais desenvolvem comportamento estereotipado, apresentando uma série de doenças que não tinham na natureza selvagem. O fato é que ainda é cedo para saber o resultado final da domesticação, produzida nas plantas e animais não-humanos.

Em animais humanos, a domesticação produz efeitos nefastos. Segundo Erwan le Core, expoente da atividade física chamada Methode Naturel, nascemos em caixas (berços e berçários), moramos em caixas (casas e apartamentos), comemos em caixas (fast food) e nos locomovemos em caixas (automóveis). Fazemos praticamente tudo dentro de caixas, o que não deixa de ser uma versão mais suave de baias, cativeiros, gaiolas, etc. Não é à toa que nos tornamos insensíveis às mazelas do mundo e somos demasiado autoindulgentes. Tornamo-nos obesos e com uma série de transtornos mentais. Nossa saúde é precária e precisamos cada vez mais de novos medicamentos.

Boa parte desses problemas é decorrente da nossa vida domesticada ou de zoológico. Agora, pense: reintroduzir um animal ao estado selvagem é quase uma loteria, que exige muito conhecimento e dedicação. Imagine um ser humano. Para saber mais: no site de Erwan le Core (movnat.com) e no Blog do Parkour Santa Catarina.

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