Na última segunda-feira assisti a um trecho do Programa Custe o que Custar – CQC, em que os apresentadores falavam de mau agouro, azar e assuntos relacionados.
Naquele momento, adentrou uma funcionária da produção trazendo uma caixa fechada com laço de presente. Os apresentadores, fazendo cara de surpresa, abriram então o presente e, com espanto teatral, retiraram dela um gato preto vivo, entregando-o com repulsa para alguém que estava atrás das câmeras.
Disseram que o gato preto representava o mau agouro e que havia sido enviado pela concorrente, Rede Globo de Televisão.
Lamentei e continuo lamentando a utilização desse animal para reforçar uma crendice sem fundamento, de que o gato preto é animal de mau agouro.
Para quem não está inserido no trabalho voluntário de proteção animal, pode parecer que se tratou apenas de uma ingênua brincadeira.
Porém, entendo que ingênuos mesmo foram aqueles que fomentaram a brincadeira, pois não conseguem compreender a dimensão e os reflexos de suas atitudes.
Por carregar o estigma de animal de azar, já acompanhei diversas atrocidades cometidas contra gatos pretos nesses anos de trabalho voluntário.
Certa vez, o animal foi fixado pelas duas patas dianteiras, com uma cola industrial em um tonel de aço e permaneceu naquela posição vertical (de pé), durante um final de semana inteiro, no sol, sem comida ou água.
Já encontrei em duas oportunidades, gatos pretos enforcados e amarrados na porta de residências. Foram usados como instrumento de “trabalho” para dar azar ao inimigo.
Já vi pessoas contando, orgulhosas, que atropelaram propositalmente o “animal do capeta”, assim como já vi gente jogando pedras e atirando pedaços de pau para que o animal símbolo do azar, se afastasse.
Sim, é ignorante e digno de pena aquele que acredita nesse tipo de superstição, porém, mais ignorante ainda é quem propaga, em rede nacional de televisão, uma crendice que tanto sofrimento já causou a seres inocentes que não têm culpa de terem nascidos na cor eleita como sinônimo de azar.
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