Se não fosse esta máscara de ferro
que nos vela a face e os olhos,
à esquerda dos deuses veríamos
o grande crepúsculo no vale.
Não ouviríamos mais as baionetas
dilacerando a pele do homem
ao dobre dos sinos de Jerusalém.
Ouviríamos as almas que não podem
chorar e, sentindo a agonia das harpas
que não tangem mais, viríamos à noite
para dizer às almas e às harpas
que choramos com elas e escutamos
todas as vozes que não têm mais eco.
Não só deuses escutam o eco das vozes.
Se não fosse esta máscara de ferro,
à esquerda dos grandes deuses veríamos
o vale ao crepúsculo.
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