21 de abril de 2010

A FALÁCIA DO "TELHADO DE VIDRO"

Já ouvi muita gente dizendo com voz alta e peito aberto: “não vamos criticar, pois todo mundo tem o telhado de vidro.” (Não jogue pedras ao vizinho, aquele que tem o telhado de vidro).

Essa história do telhado de vidro tem relação de conteúdo com aquela passagem bíblica do Capítulo 8 do Evangelho de São João, no qual se conta que Jesus teria evitado a morte de uma adúltera ao proferir as seguintes palavras: “aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela.”

É bem verdade que o ataque irracional contra alguém que cometeu um erro na vida, constitui atitude leviana e própria de quem não calça mentalmente as sandálias do próximo antes de se pronunciar.

Todo o ser humano comete erros e é falível. Disso não restam quaisquer dúvidas.

Porém, o escudo hoje tão utilizado do “não jogue pedras...” tem fundamentado uma atitude não recomendável de passividade perante os fatos da vida.

Se todo o ser humano erra, isso não é motivo para deixar de se defender um padrão de conduta correto e voltado para o bem. Quem erra deve aceitar a crítica devida, mas não perde, por isso, o direito de também cobrar a correção da conduta alheia.

Fosse assim, ninguém poderia criticar mais nada. Essa ideia é falaciosa e induz à passividade que tanto interessa a quem assume uma posição de comando, seja em uma instituição ou mesmo no Estado.

Em outras palavras, não é porque alguém cometeu um ou mais deslizes na vida que está fora da órbita dos chamados “homens de bem”, que podem criticar e cobrar os demais. Todos têm esse direito e o “homem de bem” de hoje, pode ser o errado amanhã.

Por isso critique, fique atento, trabalhe em prol da melhoria das relações sociais, não se conforme e não se acanhe com aquela sonora e falaciosa ideia do “telhado de vidro.”

Um comentário:

Anônimo disse...

Se eventualmente nosso diálogo tenha te inspirado ao escrever este texto, vejo que já valeu... rs... aliás, como sempre valem muito nossas conversas!!