Toc-toc-toc!
Olho para o vidro lateral do carro às 22h30min de sábado.
O que vejo é um par de incisivos superiores queimados, provavelmente pelo crack.
Baixo o vidro...- Pois não?
- “Deizão” pra estacionar aqui patrão!
Diante do tom imperativo do rapaz, inicia-se neste momento o raro fenômeno da combustão espontânea em minhas entranhas.
É claro que não adiantaria dizer que a rua é pública e que ele não poderia cobrar para que eu estacionasse ali.
Olhei para o lado e vi minha mulher arrumada, pronta para o jantar, eu não ia estragar tudo...
Desci do carro e com todas as forças: - “Deizão” não, né parceiro, "tais” querendo me quebrar!
Aqueles olhos opacos então negociaram no desespero: - Pois é né, “deizão” é só pra patrão. Vai cinco mesmo, só pra colaborar com a gente...
Nisso já vi a nota de cinco sendo apontada pela Tayse. Bastou entregar e ir embora, torcendo para que o meu calor interno abrandasse.
Na volta, como já esperava, o zeloso profissional cuidador noturno de carros não estava...
Deve ter ido aproveitar o “cincão”.
Um comentário:
Adorei! Tá certo que na hora não foi nada engraçado.
Beijo!
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