8 de fevereiro de 2012

AS DUAS FACES DA DEPENDÊNCIA

- Amanhã é Domingo, por que você está programando o despertador?

- É que tenho medo de dormir antes da hora.

- De que hora?

- Da hora de tomar o meu remédio para dormir?

O diálogo parece surreal, mas demonstra até que ponto vai a dependência química e psicológica. Esse é o aspecto negativo da dependência.

Mas a dependência também tem o seu aspecto positivo. E disso ninguém trata.

Ora, a dependência é parte da vida humana, ou será que alguém pode negar que é necessária e saudável a dependência do bebê para com a sua mãe?

O ser humano não é onipotente e absolutamente independente. Muito pelo contrário, por ser gregário por natureza, precisa dos seus semelhantes para sobreviver no planeta.

No relacionamento interpessoal, essa dependência está presente todos os dias, seja na equipe de trabalho, em que as metas são atingidas pelo conjunto e não pelos indivíduos, ou ainda no esporte, em que o gol é o ápice de uma jogada preparada pelo conjunto.

O exercício da humildade é necessário. Ninguém faz sucesso profissional absolutamente sozinho, assim como não há atacante bem sucedido se não houver alguém que lhe passe a bola no momento certo.

O que não pode ocorrer é a dependência que escraviza, tal como aquela expressada no diálogo que inicia esta crônica.

Aliás, uma fala muito comum do escravo dependente é a seguinte:

- Se eu quisesse parava.

- Mas você sabe que faz mal, então por que não pára?

- Não paro, porque não quero. Mas se eu quisesse...

A verdade é que o escravo nem conhece mais a sua vontade, confunde vício com desejo e acredita que conseguiria, se quisesse, quando na verdade nem sabe o que realmente quer.

O que me pergunto é quais dependências minhas são positivas e negativas? Será que sou escravo e não percebo?

Nenhum comentário: