16 de fevereiro de 2012

ÍNDIOS

Não se fala muito no assunto, mas na semana passada circulou um vídeo que compila imagens de uma tribo não contatada em um trecho entre o Brasil e o Peru. Essa pequena filmagem tomou espaço da mídia nacional e internacional.

Estima-se que existam aproximadamente 100 tribos ou povoados não contatados no planeta, sendo 14 no Brasil, espalhados por 5 estados brasileiros (Mato Grosso, Acre, Rondônia, Roraima e Amazonas). É fascinante saber que mais de 500 anos após o formal “descobrimento” do Brasil, existem pessoas que desconhecem o nosso modo de vida, que ainda mantêm uma cultura própria e que não sabem o rumo perigoso que o planeta está tomando por nossa culpa.

No Brasil e arredores, a grande ameaça contra essas pessoas, obviamente, fica por conta da ganância do povo branco, que vem derrubando matas em busca do ouro vermelho (mogno) e outras madeiras nobres para a fabricação de móveis coloniais.

Seria importante que o governo brasileiro estabelecesse formas de proteção a esses povos da mata, dando-lhes inclusive, direito de escolha. Sim, a escolha de manter o seu modo de vida, de proteger a sua cultura e de continuar vivendo do modo como fazem há milhares de anos.

Claro, temos experiência de sobra para saber que integrar o povo índio à cultura do branco, não melhorou a sua qualidade de vida. Pelo contrário, a perda das referências, da cultura e do modo de vida originais, converteu povos da mata em pessoas pobres, estigmatizadas e marginalizadas dentro do contexto da denominada, “cultura da civilização”.

O que não pode prosseguir é o genocídio praticado por garimpeiros, madeireiros, grileiros e outros criminosos que caminham com as botas pesadas do “progresso”, sobre a terra virgem da Amazônia tomando tudo o que conseguem, destruindo recursos, poluindo as águas com mercúrio e destruindo a fauna indefesa.

Renato Russo na música homônima desta crônica, deixou claro o sentimento de impotência daqueles filhos da terra que, da mesma forma que as árvores e animais, são trucidados por estarem no caminho do “desenvolvimento”:

Quem me dera, ao menos uma vez,
Como a mais bela tribo, dos mais belos índios,
Não ser atacado, por ser inocente.

Com pouco esforço talvez seja possível enxergar os fatos de um outro prisma. Os índios não são e não podem ser uma pedra no caminho do branco. Nós brancos é que somos a pedra no caminho deles, e que pedra!

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