13 de outubro de 2011

EPITALÂMIO

Essa estranha palavra de raro uso nos dias atuais, deriva do latim epithalamium e designa um poema ou canto nupcial. Há muito que os epitalâmios deixaram de ser feitos, talvez porque o amor declarado seja atualmente considerado pela maioria, como uma cafonice.

Porém, como se aproxima a data em que formalizarei uma relação que já dura felizes dez anos, ouso dizer algumas palavras a respeito do sentimento de amor que une duas pessoas com visões diferentes e ideias diferentes.

Rubem Alves foi muito feliz ao utilizar a metáfora da gaiola para tratar do casamento. Dizia ele que quando vemos um pássaro muito bonito que nos encanta, temos o desejo de engaiolá-lo, imaginando que dessa forma conseguiremos que ele jamais fuja da nossa presença.

É realmente dessa forma que muitos encaram o casamento, ou seja, como uma forma de prender um marido ou manter exclusividade forçada na relação com uma mulher. Lamentável erro gerador de frustração e infelicidade.

O casamento não deve ser uma gaiola, porque o amor não é uma prisão. Pelo contrário, o amor é um céu azul, imenso e brilhante, disponível para que os pássaros voem felizes por todo o tempo que puderem.

Penso a minha relação dessa forma. Não desejo uma gaiola, não quero correntes ou prisões. Prefiro um plano de voo sério e sincero. Uma rota a ser cumprida a dois, com trechos certamente nebulosos e chuvosos, mas sempre com a lembrança de que acima das nuvens e das chuvas continua o céu azul, claro e brilhante.

Quando dois voam juntos é preciso cumplicidade e paciência, é preciso que um espere o outro nos momentos de cansaço, é necessário parar para tratar de feridas, mas sempre lembrando que voar é preciso e que o céu azul é o verdadeiro lar dos pássaros.

Portanto, tendo sido aceito o meu convite de voo conjunto, agora resta tentar cumprir o plano, superar os imprevistos de viagem, auxiliar os demais pássaros que encontrarmos na rota, mantendo-nos no céu azul enquanto nos for permitido, afinal o que interessa não é o destino, mas a viagem.

Um comentário:

Anônimo disse...

Bela declaração de amor...
Rubem Alves, quando escreve sobre algo, para mim é sempre insuperável...
Feliz vôo!!