19 de outubro de 2008

MUNDO FÚTIL (LUIZ CARLOS PRATES)

Presto muita atenção ao que diz o Papa, qualquer Papa. Presto atenção para aprender, concordar ou gravemente dele discordar. Sem amarguras nem antipatias duradouras.

Aliás, falando disso, um dia terminei um comentário no Jornal do Almoço, da RBS TV, e fui chamado ao telefone. Era uma telespectadora. Disse-me que até aquele dia me amava mas que daquele dia em diante me odiava. Por quê? Porque fiz críticas que atingiram no peito o partido político dela.

É assim, as pessoas são muito hipócritas, comportadas as escassas exceções. Odeio dizer isso porque "todos" se incluem nas exceções...

Voltando ao Papa, falando sobre a crise econômica mundial, ele afirmou que "A crise reflete a futilidade do mundo..." Tem toda a razão. Olhe, leitora, dia destes cheguei à empresa calçando sapatos de R$ 5 mais caros que os sapatos anteriores, que por gastos parei de usar. Muitos colegas notaram meus novos sapatos, fui cumprimentado pelo "bom gosto", pela qualidade dos sapatos, que, de fato, pareciam sapatos sofisticados, desses de grife. Sapatinhos, não passavam disso, mas davam a impressão de coisa melhor.

É isso, as pessoas cumprimentam as outras pelos sapatos, pelos carros, pelas camisas, pelos vestidos, por isso, por aquilo, mas não cumprimentam pelas virtudes. O que vale é futilidade. Só a futilidade constrói no mundo de hoje.

As gurias, vejo-as com apurado interesse, só falam de bermudões que tenham "sobrenome", que arrotem algum poder financeiro, que, enfim, pareçam ser alguma coisa. São nadas. São caricaturas de gente. Mas isso não importa, importa parecer ser ou ter alguma coisinha no banco que possa ser "arrotada". Que mundinho frívolo, tem razão o Papa.

Semana passada, no Jornal Nacional, um pobre diabo, um zé-ninguém, cara de pobre, pobretão, dizendo que, em razão da crise mundial e da valorização do dólar, não ia mais poder passar 15 dias em Nova Iorque, ia passar só cinco dias... Um "mendigo" daqueles ia fazer o quê nos Estados Unidos? Nem ele sabe. Levas e levas de pés-rapados brasileiros vão ao exterior gastar dinheiro, endividar-se e nada na cabeça que justifique a gastança. São pessoas avessas aos livros, aos bons teatros, música nem sabem o que é, sabem de hip hop, funks, lixos, não mais. Comem mal, vestem-se mal, falam mal, gentinha, não mais que gentinha, mas viajando para Nova Iorque.

Ah, sou cruel, sou preconceituoso, é isso? Sim, diante do detestável politicamente correto, sou tudo isso. Graças a Deus e ao Papa que me fez lembrar de poucas e boas.

Um comentário:

Tayse disse...

É a mais pura e infeliz realidade.