Não sei se és parvo, se és inteligente
— Ao desfrutares vida de nababo
Louvando um Deus, do qual te dizes crente,
Que te livre das garras do diabo
E te faça feliz eternamente.
Não vês que o teu bem-estar faz d’outra gente
A dor, o sofrimento, a fome e a guerra?
E tu não queres p’ra ti o céu e a terra.
— Não te achas egoísta ou exigente?
A dor, o sofrimento, a fome e a guerra?
E tu não queres p’ra ti o céu e a terra.
— Não te achas egoísta ou exigente?
Não creio nesse Deus que, na igreja,
Escuta, dos beatos, confissões;
Não posso crer num Deus que se maneja,
Em troca de promessas e orações,
P’ra o homem conseguir o que deseja.
Escuta, dos beatos, confissões;
Não posso crer num Deus que se maneja,
Em troca de promessas e orações,
P’ra o homem conseguir o que deseja.
Se Deus quer que vivamos irmãmente,
Quem cumpre esse dever por que receia
As iras do divino padre eterno?…
P’ra esses é o céu; porque o inferno
É p’ra quem vive a vida à custa alheia!
Quem cumpre esse dever por que receia
As iras do divino padre eterno?…
P’ra esses é o céu; porque o inferno
É p’ra quem vive a vida à custa alheia!
(António Aleixo, in “Este Livro que Vos Deixo)
2 comentários:
Ótima poesia, define bem a relação Deus - Igreja - Homens - Poder- Sociedade.
Penso que: O problema de Deus é a Igreja, o problema da Igreja são os Homens, o problema dos Homens é o Poder, e o Poder é o problema que assola a Sociedade!
Isso mesmo Luiz. O poeta com a sensibilidade que lhe é peculiar, procurou mostrar nos versos, que não acredita nesse deus antropomórfico criado pelos homens à sua imagem e semelhança.
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