19 de agosto de 2012

ELEIÇÕES OU HIPÓDROMO?



















Há alguns meses escrevi uma crônica a respeito da campanha publicitária dos biscoitos Tostines, que fez muito sucesso na década de 1980.

O mote da campanha era o dilema desafiador: “Tostines vende mais porque é fresquinho, ou é fresquinho porque vende mais?”

A partir disso, diversas dúvidas do cotidiano passaram a ser ludicamente apelidadas de “Dilemas Tostines”. Eu faço parte dessa geração e, portanto, até hoje brinco com esses problemas que propõem soluções contraditórias.

Agora em época de campanha política, surgem os dilemas próprios dessa época, como por exemplo: Fulano é um bom candidato porque é bem votado ou é bem votado, porque é um bom candidato?

O dilema faz sentido, porque o pensamento invertido modifica o fundamento do voto.

Ora, votar em alguém simplesmente porque parece que será bem votado demonstra uma ignorância sem proporções, mas é fato comum, ou você, caro leitor, nunca ouviu alguém dizer vai votar em quem está ganhando “para não jogar o voto fora?”

Votar em quem aparece na frente das pesquisas é algo tão comum, que muitas delas são encomendadas com resultado predeterminado apenas serem divulgadas com o objetivo de iludir o eleitor. Trata-se de velha ferramenta de marketing político. 

Em casa, com seus botões, o ilustrado eleitor quando vê o resultado das pesquisas, desenvolve então o seguinte tirocínio: “se Fulano está na frente é porque deve ser bom, então vou votar nele(a).” Pronto, está consumado o equívoco.

Sim, equívoco, porque o eleitor pode até acertar votando em uma pessoa que posteriormente se revele um bom político, mas o critério de seleção foi errado.

É como se os eleitores, em vez de refletir nas propostas apresentadas e na vida pregressa dos candidatos, apostassem com seus votos no candidato que vai ganhar a corrida. Algo semelhante como ir ao hipódromo.

Votar em quem aparece na frente é como votar no candidato mais bonito. É um critério ridículo, mas na época da campanha presidencial do Fernando Collor de Mello, ouvi mais de uma mulher dizendo que votaria nele porque era jovem e muito bonito.

Mas isso não é "privilégio" das mulheres, afinal, a Mulher Melão (apesar de não eleita) conquistou graças à sua "bagagem política", nada menos do que 1.568 votos em sua campanha para a função de Deputada Estadual pelo PHS do Rio de Janeiro.

Ainda falta muito tempo para que tenhamos uma população politizada e preocupada efetivamente com a “res publica”, porém acredito que já está melhor do que foi e o avanço será contínuo na proporção do desenvolvimento da educação no País.

Nenhum comentário: