Há
alguns meses escrevi uma crônica a respeito da campanha publicitária dos
biscoitos Tostines, que fez muito sucesso na década de 1980.
O
mote da campanha era o dilema desafiador: “Tostines vende mais porque é
fresquinho, ou é fresquinho porque vende mais?”
A
partir disso, diversas dúvidas do cotidiano passaram a ser ludicamente
apelidadas de “Dilemas Tostines”. Eu faço parte dessa geração e, portanto, até
hoje brinco com esses problemas que propõem soluções contraditórias.
Agora
em época de campanha política, surgem os dilemas próprios dessa época, como por
exemplo: Fulano é um bom candidato porque é bem votado ou é bem votado, porque
é um bom candidato?
O
dilema faz sentido, porque o pensamento invertido modifica o fundamento do
voto.
Ora,
votar em alguém simplesmente porque parece que será bem votado demonstra uma
ignorância sem proporções, mas é fato comum, ou você, caro leitor, nunca ouviu
alguém dizer vai votar em quem está ganhando “para não jogar o voto fora?”
Votar
em quem aparece na frente das pesquisas é algo tão comum, que muitas delas são encomendadas
com resultado predeterminado apenas serem divulgadas com o objetivo de iludir o
eleitor. Trata-se de velha ferramenta de marketing
político.
Em
casa, com seus botões, o ilustrado eleitor quando vê o resultado das pesquisas,
desenvolve então o seguinte tirocínio: “se Fulano está na frente é porque deve
ser bom, então vou votar nele(a).” Pronto, está consumado o equívoco.
Sim,
equívoco, porque o eleitor pode até acertar votando em uma pessoa que
posteriormente se revele um bom político, mas o critério de seleção foi errado.
É
como se os eleitores, em vez de refletir nas propostas apresentadas e na vida
pregressa dos candidatos, apostassem com seus votos no candidato que vai ganhar
a corrida. Algo semelhante como ir ao hipódromo.
Votar
em quem aparece na frente é como votar no candidato mais bonito. É um critério
ridículo, mas na época da campanha presidencial do Fernando Collor de Mello,
ouvi mais de uma mulher dizendo que votaria nele porque era jovem e muito
bonito.
Mas isso não é "privilégio" das mulheres, afinal, a Mulher Melão (apesar de não eleita) conquistou graças à sua "bagagem política", nada menos do que 1.568 votos em sua campanha para a função de Deputada Estadual pelo PHS do Rio de Janeiro.
Ainda
falta muito tempo para que tenhamos uma população politizada e preocupada
efetivamente com a “res publica”, porém acredito que já está melhor do que foi
e o avanço será contínuo na proporção do desenvolvimento da educação no País.
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