É partindo desse tipo de pressuposto (interesse particular), que a proposta do novo Código Florestal ou pior, “Código da Exploração Florestal”, foi aprovada no Senado, com alterações gravíssimas e impactantes.
É evidente que na redação final dessa norma, não foi observado o interesse público por parte dos fieis senadores, tampouco houve imparcialidade entre os interesses ruralistas e ambientalistas.
Agora resta a esperança de um veto substancial por parte da Presidência da República até 25 de Maio.
Mas é importante dar nome aos bois. Nesse cenário caótico de sobreposição de interesses particulares e financeiros, alguns senadores em especial, merecem ser citados: Kátia Abreu, Baliro Maggi (maior plantador de soja do país), Ivo Cassol e Paulo Piau Nogueira (relator do projeto).
Todos são senadores e empresários do agronegócio, mas, sobretudo, cegos peões das grandes corporações que pretendem o lucro a todo o custo, inclusive da biodiversidade, da qualidade de vida e do respeito ao meio ambiente.
Aliás, essa mesma bancada ruralista também tem combatido a proposta de emenda constitucional nº 438/2001, que prevê o confisco de propriedades rurais que se utilizam de mão-de-obra escrava, mas este não é o tema dessa crônica.
Lamentavelmente, caso o funesto Código não seja vetado, restará aos senadores em um futuro não muito distante, a possibilidade de dizer a seus netos ou bisnetos que contribuíram de forma direta para que o Brasil tenha terras nuas a perder de vista, mas não tenha toda a água de que precisa para irrigar os campos secos pelo sol e pela desertificação, bem como que ajudaram o Brasil a deixar de ser o país da biodiversidade, das matas preservadas e da riqueza natural.
Nossa espécie é mesmo arrogante. Achamos que somos proprietários da vida no planeta, que podemos eliminar indiscriminadamente toda e qualquer outra espécie que atravesse o nosso caminho (pois somos superiores e temos todo o direito) e que viveremos com recursos naturais ilimitados e eternos.
É, parece que somente depois que a última árvore tiver caído, o último rio tiver secado e o último peixe for pescado é que vamos realmente perceber que não podemos comer dinheiro.
Então, que pelo menos tenhamos a dignidade de não reclamar do futuro e das consequências de nossas ações irrefletidas, pois a natureza não será nossa algoz, aliás, nem precisa, pois continuamos a ser o nosso próprio lobo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário