4 de maio de 2011

JUSTIÇA FEDERAL DIZ NÃO À FOSFATEIRA EM ANITÁPOLIS (SAMANTHA BUGLIONE)

O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) manteve a ação civil pública da Defensoria Pública da União em SC (DPU-SC) contra a instalação da Indústria de Fosfatados Catarinense, em Anitápolis, na Grande Florianópolis. A DPU-SC solicita a suspensão dos procedimentos de licença prévia, instalação ou operação da fosfateira até avaliação dos riscos à saúde.

Para quem pensa que o que envolve a empresa de fosfato da Yara e Bunge, agora vendida para a Vale, é apenas uma questão de meio ambiente, está totalmente enganado – apesar de que nunca uma questão de meio ambiente é apenas de meio ambiente. Além de destruir um paraíso ecológico, mata nativa e água, a fosfateira também colocará em risco a saúde dos moradores e trabalhadores.

Com um sério porém: quem vai pagar a conta dos tratamentos será, mais uma vez, o poder público. Será o nosso dinheiro que terá que dar conta dos problemas respiratórios, de pele e outras complicações. Especialistas já deixaram claro que os materiais para fazer o fosfato são inimigos da saúde. Quem pensa que a fosfateira é a melhor alternativa econômica para os moradores da região de Anitápolis também está enganado, salvo se acredita em contos de fada do tipo: pouco trabalho e muito dinheiro.

Anitápolis e região são um dos lugares mais bonitos de Santa Catarina – mais bonitos e mais ricos. Sinceramente, não consigo entender por que o povo de lá não investe em agricultura orgânica, já que é a que mais cresce no mundo e em turismo de aventura, que só nos últimos anos rendeu alguns bilhões. Anitápolis poderia, ainda, em vez de plantar pínus, criar abelha nativa, cujo mel é medicinal (e caro), fazer um polo de ecoturismo, ganhar dinheiro com cotas de carbono ou investir em piscicultura, preferencialmente a orgânica, que dá mais dinheiro. Opções não faltam.

É claro que nenhuma delas vai render milhões para o agricultor ou vai ser sem trabalho. Dinheiro fácil sem trabalho só na novela, no BBB, nos contos modernos da carochinha e, claro, para algum amigo do rei. De contrapartida, quem pensar em alternativas economicamente viáveis e inteligentes vai garantir o seu futuro e o das próximas gerações. Além de economizar com saúde conseguindo respirar direito na velhice. Como já dizia Ockham, a melhor alternativa é sempre a mais simples, e a simples, no caso de Anitápolis, é a que está nas mãos das pessoas que moram lá e não em uma única indústria.

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