30 de maio de 2008
A DESTRUIÇÃO DO SENHOR DO VALE
A ocupação desordenada dos morros é outro problema que não é acompanhado com a devida seriedade, pois os loteamentos irregulares são "regularizados" e continua valendo a pena destruir, desmatar, fechar nascentes, enterrar árvores cortadas, enfim, acabar com as poucas belezas naturais da cidade.
GOVERNO BRASILEIRO PREMIA QUEM MAIS DESMATA
(Fonte: O Estado de São Paulo)
Comentário: No Brasil o crime não só compensa como dá direito a bônus ou prêmios. Não é por acaso que a Senadora Marina Silva "pediu a baixa". Não há seriedade na proteção ao Meio Ambiente. Se o Governo Federal tem demonstrado competência em várias áreas, na gestão ambiental ocorre justamente o contrário. Quem furta uma galinha vai preso, quem destrói definitivamente florestas centenárias ganha apoio financeiro do Estado. É o fim!
27 de maio de 2008
NOTEBOOK DE US$ 10
O preço corresponde a um décimo do valor do notebook que o governo brasileiro espera alcançar para o seu projeto de inclusão digital nas escolas - o custo mínimo, até agora, é de US$ 175.
A equipe indiana conseguiu atingir o preço de US$ 47.
O governo pretende diminuir o valor final com o ganho de escala - estima-se uma venda de um milhão de unidades só na Índia.
(Fonte: Isto é Dinheiro de 21.05.2008).
SONETO DE AMOR N. 44 (PABLO NERUDA)
puesto que de dos modos es la vida,
la palabra es un ala del silencio,
el fuego tiene una mitad de frío.
Yo te amo para comenzar a amarte,
para recomenzar el infinito
y para no dejar de amarte
nunca:por eso no te amo todavía.
Te amo y no te amo
como si tu viera en mis manos
las llaves de la dichay un incierto destino desdichado.
Mi amor tiene dos vidas para amarte.
Por eso te amo cuando no te amo
y por eso te amo cuando te amo.
Obs. Partindo da idéia de opostos (yin e yang - amar e não amar), o autor construiu este soneto de rara beleza.
26 de maio de 2008
LAS TENTACIONES DE SAN ANTONIO (CLAUDIO BRAVO - 1984)
17 de maio de 2008
A BELEZA DE UMA LETRA BEM PENSADA
O amor da gente como um grão
Uma semente de ilusão
Tem que morrer pra germinar
Plantar n'algum lugar
Ressuscitar no chão
Nossa semeadura
Quem poderá fazer
Aquele amor morrer
Nossa caminhadura
Dura caminhada
Pela estrada escura
Drão,
Não pense na separação
Não despedace o coração
O verdadeiro amor é vão
Estende-se infinito
Imenso monolito
Nossa arquitetura
Quem poderá fazer
Aquele amor morrer
Nossa caminha dura
Cama de tatame
Pela vida afora
Drão,
Os meninos são todos sãos
Os pecados são todos meus
Deus sabe a minha confissão
Não há o que perdoar
Por isso mesmo é que há
De haver mais compaixão
Quem poderá fazer
Aquele amor morrer
Se o amor é como um grão
Morre, nasce trigo
Vive, morre pão
Drão.
(Gilberto Gil)
16 de maio de 2008
QUERIDA MARINA. (ARTIGO DE FREI BETO)
Caíste de pé! Trazes no sangue a efervescente biodiversidade da floresta amazônica. Teu coração desenha-se no formato do Acre e em teus ouvidos ressoa o grito de alerta de Chico Mendes.
Corre em tuas veias o curso caudaloso dos rios ora ameaçados por aqueles que ignoram o teu valor e o significado de sustentabilidade.
Na Esplanada dos Ministérios, como ministra do Meio Ambiente, tu eras a Amazônia cabocla, indígena, mulher. Muitas vezes, ao ouvir tua voz clamar no deserto, me perguntei até quando agüentarias. Não te merece um governo que se cerca de latifundiários e cúmplices do massacre de ianomâmis. Não te merecem aqueles que miram impassíveis os densos rolos de fumaça volatilizando a nossa floresta para abrir espaço ao gado, à soja, à cana, ao corte irresponsável de madeiras nobres.
Por que foste excluída do Plano Amazônia Sustentável? A quem beneficiará esse plano, aos ribeirinhos, aos povos indígenas, aos caiçaras, aos seringueiros ou às mineradoras, às hidrelétricas, às madeireiras e às empresas do agronegócio?
Quantas derrotas amargaste no governo? Lutaste ingloriamente para impedir a importação de pneus usados e a transformação do país em lixeira das nações metropolitanas; para evitar a aprovação dos transgênicos; para que se cumprisse a promessa histórica de reforma agrária. Não te muniram de recursos necessários à execução do Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento da Amazônia Legal, aprovado pelo governo em 2004.
Entre 1990 e 2006, a área de cultivo de soja na Amazônia se expandiu ao ritmo médio de 18% ao ano. O rebanho se multiplicou 11% ao ano. Os satélites do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) detectaram, entre agosto e dezembro de 2007, a derrubada de 3.235 km2 de floresta.
É importante salientar que os satélites não contabilizam queimadas, apenas o corte raso de árvores. Portanto, nem dá para pôr a culpa na prolongada estiagem do segundo semestre de 2007. Como os satélites só captam cerca de 40% da área devastada, o próprio governo estima que 7.000 km2 tenham sido desmatados. Mato Grosso é responsável por 53,7% do estrago; o Pará, por 17,8%; e Rondônia, por 16%. Do total de emissões de carbono do Brasil, 70% resultam de queimadas na Amazônia.
Quem será punido? Tudo indica que ninguém. A bancada ruralista no Congresso conta com cerca de 200 parlamentares, um terço dos membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. E, em ano de eleições municipais, não há nenhum indício de que os governos federal e estaduais pretendam infligir qualquer punição aos donos das motosserras com poder de abater árvores e eleger ($) candidatos. Tu eras, Marina, um estorvo àqueles que comemoram, jubilosos, a tua demissão, os agressores do meio ambiente, os mesmos que repudiam a proposta de proibir no Brasil o fabrico de placas de amianto e consideram que "índio atrapalha o progresso".
Defendeste com ousadia nossas florestas, nossos biomas e nossos ecossistemas, incomodando quem não raciocina senão em cifrões e lucros, de costas para os direitos das futuras gerações. Teus passos, Marina, foram sempre guiados pela ponderação e pela fé. Em teu coração jamais encontrou abrigo a sede de poder, o apego a cargos, a bajulação aos poderosos, e tua bolsa não conhece o dinheiro escuso da corrupção.
Retorna à tua cadeira no Senado Federal. Lembra-te ali de teu colega Cícero, de quem estás separada por séculos, porém unida pela coerência ética, a justa indignação e o amor ao bem comum. Cícero se esforçou para que Catilina admitisse seus graves erros: "É tempo, acredita-me, de mudares essas disposições; desiste das chacinas e dos incêndios. Estás apanhado por todos os lados. Todos os teus planos são para nós mais claros que a luz do dia. Em que país do mundo estamos nós, afinal? Que governo é o nosso?" Faz ressoar ali tudo que calaste como ministra. Não temas, Marina. As gerações futuras haverão de te agradecer e reconhecer o teu inestimável mérito.
(Jornal Folha de São Paulo de 16.05.2o08).
13 de maio de 2008
CONSUMO, CONSUMO, CONSUMO...
6 de maio de 2008
SENADORES RECEBEM AUXÍLIO MORADIA MESMO TENDO CASA PRÓPRIA EM BRASÍLIA
Quatro senadores, no entanto, embolsam a ajuda de custo para morar na própria casa. São eles Aloizio Mercadante (PT-SP), José Agripino Maia (DEM-RN), Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) e Roseana Sarney (PMDB-MA). Todos são donos de mansões em endereços nobres da capital: os lagos Sul e Norte.
Outros dois beneficiários da verba, Edison Lobão Filho (sem partido-MA) e Renan Calheiros (PMDB-AL), têm imóveis residenciais no Distrito Federal, de acordo com as declarações de bens enviadas por eles à Justiça Eleitoral. Segundo esses documentos, Renan é dono de casa no Lago Sul e flat. Lobão Filho é proprietário de apartamento na 707 Norte e de flat no Setor Hoteleiro Norte.
(Fonte: Correio Braziliense)
3 de maio de 2008
SUPER TRUNFO CATÓLICO
CLARISSE LISPECTOR
O BERIMBAU DO DOUTOR (ELIANE CANTANHÊDE)
Mesmo com o "investment grade" do Brasil, o "boom" de ontem das Bolsas e o Dia do Trabalho hoje, não dá para deixar passar em branco a declaração do Dr. Antônio Dantas, coordenador do curso de medicina da Universidade Federal da Bahia, ontem na Folha, sobre o baixo desempenho da sua instituição no Enade.
"O baiano toca berimbau porque só tem uma corda. Se tivesse mais, não conseguiria", disse, atribuindo o vexame ao que seria doença hereditária: o "baixo QI dos baianos".
Não se sabe o que é pior: o MEC ter de punir 17 (17!) cursos de medicina por serem uma porcaria, incluindo aí os de quatro universidades federais, ou ter de agüentar o coordenador do curso de uma delas falando uma barbaridade dessas. Com um coordenador assim, e com professores desse calibre, o que você poderia esperar dos cursos e dos alunos?!
Aliás, pobres alunos! Pior: pobres pacientes! Já era grave o MEC ter de intervir diretamente para socorrer alunos de pedagogia e direito que ficaram abaixo da crítica pelo país afora. E ficou insuportável saber que na medicina não é muito melhor. Tudo é uma questão de vida ou morte. Maus advogados podem virar uma praga e pedagogos ignorantes podem ser fatais na vida de seus estudantes, mas um mau médico carrega um risco de morte bem mais iminente.
Um diagnóstico errado, uma operação malfeita, um remédio inadequado podem decidir o destino de uma pessoa. E, assim, de famílias inteiras. Parabéns ao Brasil pelo "investment grade", que vai atrair milhões de dólares produtivos, e parabéns aos trabalhadores pelo seu dia. Meus pêsames às faculdades que convivem com os "doutores dantas", seus preconceitos, sua ignorância, suas brincadeiras absurdas (ou será que não foi brincadeira?).
O problema não é o berimbau dos alunos; é a falta de berimbau de certos professores.
PS - Sim, ele é baiano.
Comentário: Excelente artigo. Por mais que deva ser assegurado o direito a livre manifestação, os preconceitos e generalizações devem ser rechaçados, pois geram contra-cultura perigosa para a desejável coesão social.
Exemplo clássico de que título acadêmico, por si só, não "ilumina" ninguém.
APENAS 20% DOS JOVENS POBRES CHEGAM AO ENSINO MÉDIO.
A maior diferença foi observada em jovens de 15 a 17 anos matriculados no ciclo médio. Entre os 20% mais ricos da população, 77,2% freqüentavam o ensino médio. Na faixa dos 20% mais pobres, só 24,5%, uma distância de 52 pontos percentuais.
Os dados originais são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2006, do IBGE. Eles foram incluídos no Relatório de Monitoramento de Educação para Todos, divulgado anteontem pela Unesco.
A escolarização nas diferentes regiões do país apresenta desníveis, mas em escala menor. No Sudeste, 57,7% dos jovens de 15 a 17 anos estavam no ensino médio — maior média regional —, contra 33% no Nordeste, a mais baixa. Ou seja, uma distância de 24 pontos percentuais.
(Fonte: Jornal O Globo).