Nunca foi tão fácil ser culto (ou pelo menos parecer culto
aos olhos alheios), tendo em vista o acesso irrestrito ao conhecimento acumulado
pela humanidade. Por outro lado, nota-se uma dificuldade de mesma grandeza, na
utilização adequada dessa cultura.
O conhecimento está à disposição, mas grande parte daqueles
que o acessam não absorvem verdadeiramente esse legado, apenas o tocam
superficialmente motivados pela egoica sustentação de sua imagem perante
terceiros.
São discursos, artigos, opiniões, todos recheados de
citações de Nietzsche, Schakespeare, Fernando Pessoa, dentre outros ícones da
literatura, da poesia e da filosofia, mas e a sabedoria do autor do texto onde
fica?
Sábio é aquele que, tendo ou não acessado a cultura formal, “sabe”
como utilizar adequadamente o conhecimento de que dispõe, criando ou filtrando de modo competente
as alternativas existentes para solucionar os problemas da profissão, do
cotidiano, enfim, os desafios que a vida impõe.
Não há dúvida de que as citações diretas ou indiretas de filósofos,
poetas ou escritores, engrandecem um texto, mas é igualmente certo
que, por si só, não demonstram sabedoria. Pelo contrário, um texto formado por citações e mais citações exibe o vazio e a incapacidade do autor de formular seu próprio raciocínio.